A sensação de dor muscular de início tardio (DMIT) faz parte da rotina de treinos de atletas de diversas modalidades esportivas. Ela é decorrente das microlesões causadas pelo treinamento físico, especialmente quando se realiza ações excêntricas intensas ou uma atividade não habitual. Diferentemente da musculação, aonde alguns praticantes desejam a DMIT em seus treinos visando hipertrofia (o famoso “sem dor, sem ganho”), na performance a DMIT não é algo visado, nem tão pouco desejado, pois juntamente com essa DMIT geralmente vem a queda de performance.
Sentir muita dor depois do treino é normal?
A boa notícia é que, mesmo sendo uma sensação “não tão boa assim”, a DMIT PODE significar que você está no caminho certo em seus treinos. Em um estudo de caso, Rønnestad e colaboradores verificaram que, ao intensificar o treinamento (de 6 para 11 sessões de treino por semana) a sensação de dor muscular nos membros inferiores de um atleta profissional de MTB foi de normal para muito intensa. Ou seja, ao se intensificar o treinamento, a DMIT pode aparecer. Nesta mesma pesquisa foi demonstrado também que ao entrar na fase de polimento (redução do volume x manutenção/aumento da intensidade do treinamento) a sensação de dor foi diminuída. Ah, a performance diminuiu na fase de intensificação e aumentou na fase de polimento, como esperado.
Nesse sentido, podemos utilizar a DMIT como marcador de intensidade do treinamento, ou seja, fases mais intensas irão promover um maior quadro de DMIT. Se essa fase foi programada, como em uma fase de alto volume ou intensidade, a dor é um processo adaptativo normal e serve como parâmetro de que o treino está sendo entregue da forma esperada. Já se a dor tardia do treino aumentar em um período não esperado, como muitas dores antes de uma competição, é sinal de que o atleta está sofrendo de um quadro de dano muscular, aonde geralmente a DMIT vem acompanhada de queda de performance. Nesse caso, o atleta pode não se recuperar 100% para a competição, estando com uma menor capacidade de produzir força e potência durante a competição.
Em outro post aqui do blog nós falamos também sobre como a sua alimentação e suplementação pode ser uma aliada no combate às dores no corpo.
É importante lembrar que algumas pessoas têm mais ou menos sensibilidade a dor (por isso o “sem dor, sem ganho” não pode ser parâmetro de resultado com os treinos). Se a dor muscular está muito intensa, converse com seu técnico ou fisiologista, entenda em qual fase de treino você está, se ela é esperada ou se está exacerbada para aquela fase e, se precisar, reveja sua planilha!
Referências bibliográficas:
Bent R Rønnestad, et al. Short-term performance peaking in an elite cross-country mountain biker. Journal of Sports Sciences · August 2016